Em 2015 um teaser que reunia nomes como Jay-Z, Daft Punk, Lady Gaga, Coldplay, Beyoncé, Rihanna, Madonna e outros artistas de renome, começava com uma fala dizendo que era um dia histórico. O dia em que eles anunciariam o lançamento de uma nova era, um novo serviço de streaming – Tidal – que devolveria o poder da música aos artistas.

 

Na verdade, o dia foi histórico pela surra que todos eles levaram do público, que em menos de um ano rejeitou o novo serviço de streaming junto com os mais de 180 milhões de dólares investidos nele.

 

O problema é que todos estes artistas envolvidos, diversos deles como sócios do Tidal , tentaram perpetuar uma série de equívocos que colocaram o mercado da música em crise desde a guerra do Metallica contra o Napster até hoje.

 

O fato irrefutável é que desde que a internet mudou o nosso mundo, diversas atividades tiveram que se adaptar, repensando seus modelos de negócios para sobreviver. Jornais tiveram que produzir conteúdo online. Agências de publicidade tiveram que repensar seus investimentos em mídia – e até a sua própria definição de mídia. Serviços de telefonia conheceram um novo mundo com a chegada dos smartphones.

 

O exemplo que mais ensina as gravadoras é o mercado cinematográfico, que em poucos anos, foi da crise com quedas nas vendas de DVDs, a greve dos roteiristas e a morte das locadoras de filmes, para sua ressurreição com novos modelos de negócios, que vão desde as estreias simultâneas de filmes e séries em diversos países para combater a pirataria, até o Netflix, maior exemplo de como o segredo da sobrevivência no mundo digital está baseado em modelos de negócios inovadores, que dão cada vez mais liberdade e possibilidades para os usuários.

 

Isto aliado a criação de conteúdo, diferenciado e exclusivo para cada meio, impulsionou este mercado e trouxe o fenômeno de diversas séries próprias de programas de streaming ou de canais no youtube com sua audiência elevada a patamares antes alcançados única e exclusivamente pelo mainstream.

 

Há mais de 10 anos escrevi um artigo sobre a inevitável morte dos CDs, e de lá pra cá vimos poucas tentativas de inovação no mercado da música, como o Radiohead deixando os usuários precificarem o download de seus álbuns, ou a Bjork lançando um álbum em forma de aplicativo ao invés da mídia física tradicional e poucas iniciativas parecidas.

 

Já o Tidal, que ironicamente significa “maré” em inglês, quis mais uma vez levar o mercado da música a remar contra a maré do novo mundo digital, e pagou o preço morrendo afogado.