Pelo seu próprio caráter inventivo e seu pouco tempo de idade, desde sempre a internet traz inovações que provocam rupturas com a maneira de se comunicar e de se fazer negócios até então, trazendo com isso embates históricos, sempre com um mesmo resultado: A internet vence.

Foi assim na batalha do mercado fonográfico com o Napster. A mídia (CD) morreu, e a música passou a ser amplamente compartilhada. Foi assim na batalha dos roteiristas de Hollywood contra emissoras. A internet redefiniu a maneira como exibiam suas séries e distribuíam seus lucros. Foi assim na recente batalha do streaming, onde Jay-Z e sua turma tentaram ganhar uma batalha para regulamentar o streaming. O que estas situações têm em comum? Em todas as internet venceu. Ninguém consegue regular a rede, e todo mundo que tentou, perdeu.

Agora, ainda na guerra dos streamings, as operadoras de telefonia e banda larga querem regular a internet. Com o avanço de ferramentas que evitam os altos preços de telefonia praticados no Brasil como o WhatsApp, e de serviços de streamming que tem tomado o espaço da própria TV a Cabo, como o Netflix, as operadoras brasileiras resolveram partir para o ataque e tentar regular a internet por aqui. Algo já praticado fora do Brasil, mas que beira o absurdo por aqui, por diversos motivos.

Para os desavisados, pode parecer comum. Em outros países isto já é praticado, e os preços são relativamente semelhantes aos praticados por aqui – de R$ 100,00 a R$ 200,00. Mas vendo a questão a fundo, percebe-se o absurdo dessa medida. O serviço prestado no Brasil se encontra entre os piores, e ao mesmo tempo, um dos mais caros do mundo. A falta de infraestrutura faz com que a nossa rede seja lenta e carregada, e a alta tributação para estas empresas coloca nosso preço como um dos maiores. Embora o patamar de valor pareça semelhante, levando em consideração o custo de vida e a média salarial de outros países, o brasileiro paga mais para navegar na rede. Enquanto um plano de internet pode consumir apenas 10% do salário mínimo de um americano ou um inglês, o brasileiro paga quase 30% do salário mínimo por um serviço pior.

A briga mostra a realidade do mercado Brasileiro: como em diversas áreas, há um oligopólio de não mais de 10 concorrentes, que ao invés de procurarem novas oportunidades se fecham em uma espécie de Truste, imobilizando qualquer possível concorrente que possa surgir, sem pensar em usar a internet justamente para criar algo novo para fazer frente a estas concorrências. A bola da vez é o Netflix, que já tem lucrado mais do que algumas emissoras de TV aberta.

Há cerca de 2 anos a Anatel mudou de lado e suspendeu a limitação da banda larga por parte das operadoras por tempo indeterminado, mas com o assunto ganhando força nos EUA, as operadoras brasileiras devem preparar uma nova investida, o que deixa essa briga longe de terminar. Ainda é cedo pra saber se a Internet dessa vez vai mais uma vez ser o Golias da estória, ou se a coisa vai estreitar pro lado dela, e pelo menos no Brasil, ela vai fazer o papel de Davi nessa briga.